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Cezarino Lima

Santos, SP

Artista Visual

Especialidades: Artes plásticas, ilustração e design gráfico

Ferramentas: Tinta óleo e acrílica, têmpera, spray, nanquim, aquarela, pastel seco, Photoshop, Illustrator, Corel Draw

Já percebeu como é fácil desenrolar uma boa ideia com alguém que pensa fora da caixa, que se interessa e pesquisa sobre assuntos diversos como um legítimo colecionador de conhecimentos?
Este Santista já observou muita coisa por aí, e continua a transformar essa visão privilegiada em belíssimas obras de arte.
Suas telas cheias de vida encantam ambientes em grandes hotéis e luxuosos escritórios da capital metropolitana de São Paulo, bem como a humilde residência de alguns poucos amigos sortudos, aos quais me enquadro. :)
Senhoras e senhores, conheçam um pouco mais sobre este distinto artista e seu trabalho.

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Maestro: Quando você diria que começou a sua carreira?

Cezarino: Sempre me manifestei através do desenho, mas comecei a receber encomendas de telas e painéis por volta dos 15 anos de idade.

Na minha adolescência, eu possuía um pouco de dificuldade em me relacionar socialmente, e a pintura foi uma forma muito conveniente de externar meus pensamentos de forma subliminar.

cezarino-04As pessoas não precisavam necessariamente captar as mensagens, mas eu ficava aliviado em poder exteriorizar as coisas que eu via e sentia.

A arte ajudou bastante nos meus processos emocionais. A possibilidade de também emanar as ideias ao invés de apenas recebê-las do mundo me equilibrou psicologicamente durante essa fase da vida.

Esse foi o meu primeiro vislumbre das possibilidades que os processos artísticos podem proporcionar para a transformação e desenvolvimento do pensamento humano.

Quando iniciamos este mergulho, passamos a nos conhecer em níveis mais profundos.

Acredito que a arte pode transformar positivamente as pessoas nesse sentido.

Maestro: Qual a sua opinião com relação a instrução acadêmica para um artista?

Cezarino: Acredito que todo conhecimento teórico pode acrescentar – se você não considerá-lo uma regra absoluta.

feminine-03Acho válido vivenciar um método de ensino artístico acadêmico, mas não considero primordial. No meu caso, aprendi em um processo autodidata, através de minhas próprias pesquisas.

Acredito que – em alguns casos – o excesso de estudo pode até paralisar o artista em estilos tradicionalistas, dificultando a inovação, o pensamento “fora da caixa”.

Vai conforme a inclinação pessoal de cada um. Alguns buscam originalidade, outros buscam versatilidade, outros experimentações. São vivencias né?

Maestro: Como é vender quadros pintados a mão na era digital?

Cezarino: Graças a internet e a publicidade de forma geral, nunca fomos tão bombardeados de informações visuais. Nosso cérebro está tão superexposto a esses estímulos, que automaticamente desenvolvemos filtros inconscientes para não se fixar no que realmente estamos observando.

Assim, a sede e a pressa pela próxima informação acaba atropelando o processo contemplativo.

Detritos Obstrutores do Pensamento FrutiferoApesar disso, acho que essa capacidade contemplativa varia pela sensibilidade de cada pessoa. Isso não só em obras de arte, mas acredito que ecoa na percepção da própria vida em si.

Algumas pessoas apenas olham as coisas ao redor, outras já enxergam as coisas ao redor.

Ainda sim, a modernidade também tem seu lado positivo, pois possibilita novas formas de expressão em meios multimídia.

Maestro: O que te inspira na hora de criar?

Cezarino: Vários fatores. Às vezes, um lapso da peça pronta surge na minha cabeça.

Cezarino-fotografia 04Eu também posso me inspirar através do trabalho de outros artistas. Visualizar a solução de outros processos criativos pode ser um ponto de partida para trabalhar, e sempre unirá com sua própria influência.

Bons artistas sempre inspiram outros artistas.

Quando comecei a pintar eu tinha uma postura bastante experimentalista, um pouco mais fechado em minhas próprias descobertas.

De uns anos para cá, comecei a pesquisar mais trabalhos de outros artistas e agora acho que pode haver um equilíbrio aí.

É interessante você caminhar pelo ponto de vista dos outros, pois o resultado final nunca será exatamente igual ao do outro artista. Sempre haverá um toque seu.

No meu trabalho eu busco a versatilidade de estilo. Procuro não estacionar nem me repetir a cada obra.

Maestro: Quais as suas principais fontes de inspiração?

Cezarino: No início da carreira, todas as minhas observações e constatações sobre o funcionamento da vida eu procurava inserir sutilmente nas minhas pinturas.

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Ainda sim, podemos dizer que as manifestações e interações da natureza sempre foram o meu conteúdo principal.

Sempre procurei imprimir nas minhas obras o âmago das questões existenciais, de forma implícita, nunca imposta, permitindo ao espectador interpretar da forma que ele preferir.

Ultimamente eu passei a atender peças sob encomenda, o que também é muito interessante por fugir da zona de conforto.

Mesmo quando eu trabalho com um tema que não me envolva tanto emocionalmente, o emprego do amor no trabalho continua intacto.

A exposição “Gênios da Bola”, apresentada no Rennaissance Hotel São Paulo durante o período da Copa do Mundo 2014, mostrou bem isso.

Sempre tive uma certa indiferença ao futebol, mas coloquei minhas preferências pessoais em segundo plano para poder pintar a paixão de outras pessoas para a ocasião.

Foi surpreendentemente prazeroso descobrir que mesmo temáticas aparentemente prosaicas, também podem te conectar com a origem da sua arte.

Maestro: Que tipo de influências você acha que recebeu ao longo dos anos?

Cezarino: No início, carreguei uma influência bem direcionada ao expressionismo, abstracionismo e ao cubismo. Sentia nesses estilos um grande estímulo para pintar de forma livre, e através dessas relações aprendi muito sobre como utilizar as misturas de matizes para trabalhar contrastes – sempre experimentando com a luminosidade e a intensidade na saturação das cores.

A CuraA partir daí, comecei a mesclar esses estilos com uma arte mais figurativa e com as experiências que eu já havia adquirido através do desenho.

Ultimamente tenho trabalhado bastante com referências fotográficas para criar retratos mais realistas, mas continuo explorando abstrações como exercício de desprendimento e auto-descoberta.

Maestro: Você acompanha o trabalho de outros artistas?

Cezarino: Sempre que vejo alguma arte visual que mexe comigo, entro em estado investigativo para desvendar seus mistérios. Sempre há uma técnica, um caminho lógico que foi percorrido e eu acho estimulante tentar descobri-lo.

Não acredito nessa concepção romântica de dom ou talento nato. O artista capaz de se fazer notar é fruto de muita observação, estudo, pesquisa e prática.

 

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Sábado, 30 de maio de 2015 (12h~16h)
Rua da Paz, 61 (Boqueirão, Santos-SP) – Google Map
Informações: (13) 3222.2679